Prosseguir até um dia...

Prosseguir até um dia...
Vista de uma Janela da Vida.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

(Des)Acordo Ortográfico.

Mil palavras, uma imagem,
Mais a incidir no acordo ortográfico...
Talvêz não houvesse coragem
Para contrariar o espaço demográfico.

Lusofonia, sim, sem prejuizo
Do património da Língua Portuguesa;
Quem poderá fazer o que é preciso,
Para escrever bem, com tal leveza?!

Levarei anos, ou mesmo eternamente,
Para aceitar tal "empobrecimento",
Assentando no usual, teimosamente...

E as palavras do meu reconhecimento,
Serão elas, os meus regozijo e prazer,
Que as minhas memórias virão trazer.

Joantago

domingo, 16 de outubro de 2011

Alienação.

Onde o mar terminou os sonhos...
Onde a distância faltou à saudade...
Onde muitos e outros tantos
Se transformaram em homúnculos,
Protagonizando papeis ultrajados...
Só não se perderam alguns fados,
Entoados por vozes populares, castiças...


Onde a sociedade destemperou
A herança da importância histórica;
Ainda resta alguma memória
De um orgulho, nas medalhas, condecorado;
Celebrar datas assinaladas,
De um passado perdido na dignidade...
Este País, já não possui identidade.

Joantago

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Divagação.

Panaceia para uma noite desperto,
Sem conseguir a tal meia-mantença
Que proporciona um sono revigorante,
Qual tarefa inglória e involuntária.

Difícil, é achar o errado e o certo,
Daquilo que se toma como uma crença
E nada mais há, de tão importante,
Do que vencer uma força contrária!

Não se deve poder esperar o desfecho
De uma palavra livre, numa frase;
Por vezes e à guisa de breve trecho,

Espera um poeta tradicional, que case
A rima que surge do nada, do vazio,
Como água que corre lenta, no rio.

Joantago

domingo, 22 de maio de 2011

Aos que me não são...

Quase não sou eu, do que resta de mim;
Quase não confio, nem me disponho:
Já me pareço, quase um sonho
Porque a traição dói, é fatal.

Fui, afinal, o menu de um festim
Dos (que não sendo necrófagos) algozes,
Numa liquidação célere e total
De quem incomoda, pelo empenho;

Estes pretensos "animais ferozes"
Não representam senão o que desdenho,
Através do ridículo, da farsa e estultuce...!

Espojados na mediocridade, tais importantes,
Expoem a sua vaidade na imundicie,
Como o tempo os mostrará, seres insignificantes.

Joantago

terça-feira, 5 de abril de 2011

O Tempo Uno.

As mimosas rebentaram
E vestiram o campo de amarelo...
As Flores dão sinais de Primavera
Antecipada, pelas mudanças ocasionais;

A meteorologia estuda a previsão
De um tempo, que quero esquecê-lo,
Das más recordações, das gentes bestiais
Que a indiferença me merecia...

As amizades não acabaram
Porque reconheço nelas, a ocasião,
Até partirem, para sempre, da minha vista.

É uma saudade e há quem resista
Ao esquecimento, a cada momento,
Porque, as gratas, não saiem do pensamento!

Joantago

terça-feira, 29 de março de 2011

Só porque...

Não ser como «toda a gente»,
Torna o personagem excepcional,
Incompreendido e marginalizado,
Pois não há direito de ser diferente!

Não comungar do senso comum
É estranhar a forma geral,
Porque o agente é ridicularizado
E esquecido sem título nenhum!

Soe mais rotulá-lo de "Ovelha Ranhosa",
Ao indivíduo dito ímpar,
Que aceitar a sua postura curiosa,

Só porque a generalidade é regra
E o dever da comunidade é limpar,
Com a claridade, essa «mancha negra»!

Joantago

quarta-feira, 16 de março de 2011

Soneto da Lembrança.

Na minha vida, da chucha ao cabelo comprido,
realço uma tabuada da quarta classe,
que aprendia musicalmente ao ritmo da régua
e do tremor das pernas, de um medo escondido...

Nos calções, o cheiro a urina, sentia-se à légua
e a ignorância que lutava com o meu impasse,
fazia despertar-me a memória dos deveres de casa,
que eu cumpria, antes das brincadeiras com os amigos.

Agora, algo tarde, tenho saudades dos professores
e os anos contabilizados na medida de uma rasa,
são grãos de pó de um passado sem quaisquer inimigos.

Pôr à prova o doce caminhar da minha lembrança,
corresponde a tantos e diversificados amores
dos quais não resta, nem sequer uma esperança.

Joantago

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pedi ao Sol.

Hoje, pedi ao Sol que aparecesse,

Que me desse um pouco da sua luz,

Que me iluminasse o pensamento

E que não me abandonasse a vontade...



Pedi-lhe para que o mundo acalmasse,

Que todo e qualquer sofrimento

Não passasse de uma ideia que pus

No meu íntimo, pela vulgaridade...



Soilicitei-lhe, para que este dia,

Resplandecesse no meu horizonte,

Porque não há tempo, que ainda conte



No que me falta viver, que ignoro,

E partilhar com todos, a sua magia,

Quando ele brilha e eu adoro...

Joantago

terça-feira, 1 de março de 2011

Reflectir o meu Eu.

Quando me fartar de me olhar ao espelho
Vou experimentar a vidraça da janela,
Se possível, quando estiver repleta de pó,
Para conhecer a imagem de um velho...
Não espero sentir-me algum dó,
Porque essa imagem, não tem que ser bela;
A sua beleza, residirá, eventualmente,
Num interior que é obscuro e vago,
Pois é o sofrimento que trago,
Quiçá triste, desconsolado e doente...
Se fosse viável mirar esse reflexo
Por trás de um objecto idêntico,
Talvez pudesse também ficar perplexo,
Através do meu silêncio excêntrico,
Visto do meu canto, qual observador
De mim, do meu bem-mal-estar...
E quando sentisse a tal dor,
Poderia, enfim, a minha alma resgatar!

Joantago

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Substancial Esboço.

Neste cruzamento da minha vida,
Sinto o odor da minha consciência,
Na luta dos meus sentimentos...
Dói-me o coração, porque não o ouço;
Parece estar sossegado, em impace,
Quando eu queria que dialogasse...
Pelo menos, pulssasse, por momentos
E me fizesse vibrar a minha essência,
Nesta forma de substancial esboço,
Em que me falta uma palavra ouvida,
A sussurrar no cérebro e que me exultasse!

Não. Estou apenas só, reduzido
A uma melancolia estranha e fria,
Que me estremece o corpo cansado!
Não me quero ouvir, num segredo
Estranho que me dói o medo
De saber que obstáculo tenho vivido,
sem se sequer ter sido achado,
Para não dever pedir mais que um dia...
Porquê esta situação inconveniente,
Se eu não pensei que podia ter acabado,
um momento, por ser ele mesmo diferente?

Joantago

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Despertar.

Tão estranhos somos e incógnitos...!
O que nos proporcionam, como vida,
Tem inúmeras cláusulas, no acordo;
Mas falha-se quase sempre no cumprimento:

Factores externos, insucessos e méritos?
Jogos de humanidade, de envolvimento
Numa experiência poucas vezes conseguida?
Emigração permanente, semelhante à do tordo,

Quando, faminto, regressa do Leste...?
Desperta poeta, que ainda não morreste!
Aumentou sim, foi a tua ansiedade,

Porque, como os demais, na tua idade,
Nunca te preparaste para certas surpresas
E eis o teu mundo, prenhe de incertezas!

Joantago

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Predadores.

Abri a porta da minha casa,
escancarando-a, como à minha vida;
Fragilizado, depositei confiança,
No perigo que conviveu ao meu lado;

Compreendi, finalmente a investida,
mal-disfarçada de uma ameaça,
Que estudou, com extremo cuidado,
Golpe que, por onde passar, arrasa!

E todo um empenho, por amizade,
Perdeu-se na deplorável atitude,
Destes predadores implacáveis

Que, para atigirem fins miseráveis,
São capazes de inimaginável habilidade,
Prejudicarem os outros, na plenitude!

Joantago

Os mexericos.

Falam de mim, nas minhas costas...
Criticam os outros, à minha frente...
Não tenho quaisquer respostas,
Nem comento nada, com essa gente!

O mal-dizer é assim, mesquinho,
Prejudicial, por vezes, colectivo;
Nem sequer precisam de um motivo;
Tenho pedras suficientes, no caminho!

É óbvio que me incomodam
Os reparos maldosos e gratuítos,
E todos os dias, são muitos

Os comentários que, amiúde, andam
De boca em boca, por maldade...
Não tenho paciência, para a leviandade!

Joantago

O que foi?

Foi a sensibilidade de um ser
E a incompreensão do semelhante,
Que desuniu ambas as condições;
Harmonia? Quem o garante?

Foi a cultura do bom-senso
No convívio com os demais...
Muitas vezes, não agir como penso
E pacientemente aceitar contradições!

E tudo o que, espontâneo fizer,
Alguns são mesmo erros fatais,
Que me levarão, facilmente, à perdição!

Foi a ignorância e a mesquinhêz,
Que não me alertaram a atenção,
Para tão camuflada malvadêz!

Joantago

Primordial...

Não tenho o direito, o mais pequeno
De, hipoteticamente, mudar o que seja,
Para moldar à minha imagem...
Não acho nisso, qualquer vantagem!

O momento, acontece ameno;
Quase nunca é o que se deseja,
Mas é primordial, diria, normal,
Quando me esqueço de ser um animal!

Onde foi, onde é que perdi o instante
De não reparar no que me rodeia,
Se apenas sou um modesto participante

De uma oportunidade, que anseia
Qualquer espoliado de identidade,
amontoado na urbanidade?!

Joantago

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Deita-se, com o dever cumprido.

O sol nasceu hoje, mais quente,
Numa proposta de temperatura...
Não pode (felizmente), o homem,
Nada contra a natureza... e bem:

Faltaria mudá-la, ao sabor de si,
Conveniente, pela sua ambição;
Assim, este animal, falido de emoção,
Não fará contra o sol atentado...!

O astro é mais forte, aqui,
Neste Universo, por Deus criado
E aquecerá na missão que lhe cabe.

Levanta-se com tenaz vontade
E deita-se, com o dever cumprido,
Como outro elemento, engrandecido.

Joantago

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Não hajam confusões.

A estranha e utópica ambição
De alguns reivindicarem igualdade
É, ridícula para mim e assim,
Deixa-me pleno de perplexidade!

Quem, por feitio, anseia,
Sem trabalho, nem empenho
Pretender atingir esse fim,
Ou é uma vulgar aberração,

Ou incrível e absurda a sua ideia,
Ao invés do fio condutor da natureza,
Nesta convicção, de certa que tenho!

Em todo o tempo houve diferença
Entre a fartura e a pobreza...
Nada vale, que se mude essa crença!

Joantago

sábado, 29 de janeiro de 2011

Todo o sempre...

A estranheza e utópica ambição
De alguns reinvindicarem igualdade,
É estranha para mim, e assim,
Deixa-me pleno de perplexidade!

Quem, por natureza anseia,
Sem trabalho, nem empenho,
Pretender atingir esse fim,
Ou é uma vulgar aberração

Ou incrível,é a sua ideia,
Contrariando a natureza,
Nesta convicção certa que tenho!

Todo o sempre houve diferença
Entre a fartura e a pobreza...
Nada vale que se mude essa crença!

Joantago