Prosseguir até um dia...

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Vista de uma Janela da Vida.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Boas Festas.


Desejam-se, num calor humano, as Boas Festas
Com muita saúde, basta prosperidade, presentes,
Paz, harmonia e proliferam por aí os peditórios,
Para realçar a solidariedade dos mais sensíveis…
Esta é a altura do ano que enternece os corações,
Abre as carteiras e evidenciam-se as campanhas.
Se formos atentar na panóplia de solicitações
Somos impelidos para um risco de descriminação,
Precisamente, por não acudirmos aos carentes!
Aparecem juízes de “valores” contraditórios,
Como exemplos de beneficências tamanhas,
Que duvidamos do nosso equilíbrio sensacional!
Então, nas palhinhas humildes de um redentor,
Revêem-se alguns mais religiosos, na sua oração,
Para que a fome e a miséria não sejam expiações
De uma culpa sagrada, na hipocrisia possíveis!
Fica o desperdício das iguarias indigestas,
Do esbanjamento do que poderá faltar mais tarde
E a inconsciência de quem não tem noção…
Pelo menos, a esmola, trar-nos-á de um protector
A promessa de que a nossa alma, no inferno, não arde!
Boas festas aos que se distinguem das patranhas
Dos falsos voluntários e sejamos apenas conscientes.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Há, parece que sim.


Há quem seja feliz, por apenas um dia…
Sentir no coração um vibrar inexplicável,
Um entorpecimento do cérebro e da razão;
Há quem procure palavras adequadas
Para definir um estado pessoal agradável,
Estranho, de uma doçura que faz estremecer…
Há quem, não sabendo o que lhe está a acontecer,
Grita, salta, corre através da poesia
Sem se preocupar com questões de precisão!
Há quem derrame uma lágrima de alegria
Por viver um segundo de êxtase, de prazer
Quando sente um calor intenso que agita
A sua alma torpe, sem destino nem conteúdo;
Há quem chegue rapidamente ao entardecer
E depare com um pôr-do-sol, que não acredita
Mas reconhece que, pela grandeza, o deixa mudo,
Cego, surdo e sem qualquer tipo de reacção.

 
Joantago

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Barro do Gurué.


A terra barrenta do Gurué, de pó fino,

Tinha um matope diferente, quando chovia!

Dava a ideia de uma pasta moldável

E eram surpreendentes as marcas dos rodados

Dos carros que por ele transitavam…

O asfalto, nalgumas ruas, só veio disfarçar

Aquele místico extraordinário da via

Que conduzia o chá ao seu destino!

Experimentei, raras vezes, circular

De bicicleta (roda 26) por onde andavam

Os restantes veículos a combustível,

Ao contrário da ginga ecológica

Que me obrigava a apear nas subidas.

Compensei-me com o conhecimento

De que aquele barro incrível

Era afinal o solo do verde sustento

De um mundo sem grandes dúvidas!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os meus Medos.


Quando nasci (penso) tive medo de vir ao mundo,

De olhar com estranheza a vida, em meu redor…

Depois, quando cresci, tive medo do escuro

E de todo o mistério que se me afigurava!

Tive medo de desiludir os meus pais, no respeito

E na compreensão que me mereciam…

Tive medo dos amigos que me rodeavam,

Com dificuldade em saber quais eram os verdadeiros!

Tive medo de amar e fi-lo desconhecendo

O que era o amor e a quem amei…

Tive medo de partir da minha Terra

E de deixar o meu vínculo e a minha raiz.

Tenho medo de um País que anda à deriva

E que me deixa apreensivo quanto ao meu futuro,

Dos meus e de todos os que me são gratos.

Tenho medo da injustiça e da morte,

De vir a sofrer de alzheimer e de não me reconhecer!

E de tantos medos que tenho e que tive,

Fico feliz por não ter medo de sonhar!