Prosseguir até um dia...

Prosseguir até um dia...
Vista de uma Janela da Vida.

terça-feira, 29 de março de 2011

Só porque...

Não ser como «toda a gente»,
Torna o personagem excepcional,
Incompreendido e marginalizado,
Pois não há direito de ser diferente!

Não comungar do senso comum
É estranhar a forma geral,
Porque o agente é ridicularizado
E esquecido sem título nenhum!

Soe mais rotulá-lo de "Ovelha Ranhosa",
Ao indivíduo dito ímpar,
Que aceitar a sua postura curiosa,

Só porque a generalidade é regra
E o dever da comunidade é limpar,
Com a claridade, essa «mancha negra»!

Joantago

quarta-feira, 16 de março de 2011

Soneto da Lembrança.

Na minha vida, da chucha ao cabelo comprido,
realço uma tabuada da quarta classe,
que aprendia musicalmente ao ritmo da régua
e do tremor das pernas, de um medo escondido...

Nos calções, o cheiro a urina, sentia-se à légua
e a ignorância que lutava com o meu impasse,
fazia despertar-me a memória dos deveres de casa,
que eu cumpria, antes das brincadeiras com os amigos.

Agora, algo tarde, tenho saudades dos professores
e os anos contabilizados na medida de uma rasa,
são grãos de pó de um passado sem quaisquer inimigos.

Pôr à prova o doce caminhar da minha lembrança,
corresponde a tantos e diversificados amores
dos quais não resta, nem sequer uma esperança.

Joantago

quinta-feira, 10 de março de 2011

Pedi ao Sol.

Hoje, pedi ao Sol que aparecesse,

Que me desse um pouco da sua luz,

Que me iluminasse o pensamento

E que não me abandonasse a vontade...



Pedi-lhe para que o mundo acalmasse,

Que todo e qualquer sofrimento

Não passasse de uma ideia que pus

No meu íntimo, pela vulgaridade...



Soilicitei-lhe, para que este dia,

Resplandecesse no meu horizonte,

Porque não há tempo, que ainda conte



No que me falta viver, que ignoro,

E partilhar com todos, a sua magia,

Quando ele brilha e eu adoro...

Joantago

terça-feira, 1 de março de 2011

Reflectir o meu Eu.

Quando me fartar de me olhar ao espelho
Vou experimentar a vidraça da janela,
Se possível, quando estiver repleta de pó,
Para conhecer a imagem de um velho...
Não espero sentir-me algum dó,
Porque essa imagem, não tem que ser bela;
A sua beleza, residirá, eventualmente,
Num interior que é obscuro e vago,
Pois é o sofrimento que trago,
Quiçá triste, desconsolado e doente...
Se fosse viável mirar esse reflexo
Por trás de um objecto idêntico,
Talvez pudesse também ficar perplexo,
Através do meu silêncio excêntrico,
Visto do meu canto, qual observador
De mim, do meu bem-mal-estar...
E quando sentisse a tal dor,
Poderia, enfim, a minha alma resgatar!

Joantago