Prosseguir até um dia...

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Vista de uma Janela da Vida.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Poema a Pebane.

A rebentação das ondas, para lá das dunas claras,
Ouvia-a no espaço, entre as casuarinas agitadas,
Enquanto o calor da noite dominava a palhota
E me transpirava a calma das férias, num suor
Ensopado no lençol de algodão branco.
A minha insónia prendia-se na aurora lenta
De um dia edílico (mais um), algo tarde,
Na praia onde banhava o meu corpo relaxado;
Eu sentia-me livre, pacífico e extenuado
Ao penetrar na água espumante e esverdeada…
Mais uma braçada, Índico adentro, esplendor,
Deus da maravilha e do areal, que tudo anota
Numa descrição em folhas de páginas imaginadas!
Na escarpa, do lado da rocha, imenso barranco,
Escondia-se o meu delírio, de um mortal que atenta
À natureza imprevisível, do paraíso encontrado;
Nele, o indescritível aventureiro fez de si alarde
Olhando o céu de cores tão finas, brilhantes e raras.
O petromax consumia-se, ibertando a sua luz 
Para me livrar da escuridão que me conduzia à cama;
Os morcegos sobrevoavam, lá fora, pelo ar ameno
Enquanto se alimentavam dos insectos variados.
Quantas vezes hesitei, sobre esse horizonte?
Desconheci a minha ignorância, de uma vida
Invejada por alguns, circunscritos ao seu espaço;
Desfrutei da oportunidade de beber nessa fonte
De sonho, como criança privilegiada e querida.
A despedida resultava num verdadeiro drama
e ainda me lembro bem, apesar de ser tão pequeno! 
Pebane, em Moçambique, na tua costa te realço,
Nos meus primeiros passos, da minha tenra idade
E guardei agradáveis memórias, recordações caras,
Para saborear ao longo do tempo, com generosidade.